Desde a década de 1960, após a publicação em 1963 do artigo Uncertainty and welfare economics of medical care, de Kenneth Arrow, no reconhecido periódico internacional American Economic Review, a economia da saúde passou a ser reconhecida enquanto uma área respeitável do conhecimento científico, que tem contribuído para o fortalecimento dos sistemas de saúde e para a melhoria das condições de vida das populações.

Essa disciplina, ao longo dos anos, se desdobrou em um conjunto de subáreas, ampliando o seu escopo e a sua aplicação, entre as quais, podemos apontar: i. saúde e desenvolvimento; ii. macroeconomia, política fiscal e financiamento dos sistemas universais de saúde; iii. regulação do mercado de bens e serviços de saúde; iv. equidade e eficiência na alocação das ações e serviços de saúde; v. avaliação de tecnologias e programas de saúde; vi. sistemas comparados de saúde; vii. Economia política da saúde dentre outros temas.

No Brasil, o desenvolvimento da economia da saúde se confundiu com a própria trajetória da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES). Fundada em Brasília, no dia 29 de novembro de 1989, um ano depois da criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A ABrES é uma sociedade civil de âmbito nacional, dotada de personalidade jurídica de direito privado, com natureza e fins não lucrativos. 

Em seu percurso, a ABrES esteve presente nos principais momentos da política de saúde do país, atuando na defesa do SUS ao lado das entidades da reforma sanitária. Ademais, participou de eventos promovidos pelo Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem como por outras instituições como a representação local da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), o Instituto de Saúde Coletiva (UFBA) etc. 

No plano internacional, a ABrES tem tido papel destacado na articulação das Associações de Economia da Saúde da América Latina e do Caribe, tendo sido fundamental seu empenho no processo de criação da Associação de Economia da Saúde da América Latina e Caribe (AES – LAC), levada a efeito em 24 de julho de 2008, em Havana, Cuba, no III Congresso Latino-Americano de Economia da Saúde.

No plano nacional, a ABrES já realizou dezenas de eventos no campo da economia da saúde, de caráter nacional e internacional. Dentre esses, destacam-se duas modalidades: os encontros nacionais (de maior abrangência temática) e as jornadas regionais (com recorte específico). Tendo participado também na formação de pessoal neste campo. A partir de 2013, a ABrES passou igualmente a organizar seminários e oficinas, com o intuito de incentivar a criação de Núcleos de Economia da Saúde (NES) em parceria com o Departamento de Economia da Saúde, Investimento e Desenvolvimento (DESID), as secretarias estaduais de saúde e as universidades. Atualmente tem sido protagonista junto a outras entidades da Reforma Sanitária na luta pela sustentabilidade do SUS, no contexto da pandemia da Covid-19  e na busca pela garantia de recursos para o pós pandemia. Neste contexto, tem defendido publicamente a inconstitucionalidade da emenda do teto dos gastos públicos (a EC 95).